Apresentação
Nas últimas décadas, a incidência e a mortalidade por doenças crônicas têm aumentado consideravelmente em escala global, acompanhando processos sociais de mudança populacional, inovação biomédica e agravamento de desigualdades sociais. A emergência das condições crônicas apresenta desafios aos sistemas de saúde, tensões quanto à racionalidade médica e impactos sensíveis na experiência das pessoas doentes. Uma dimensão destacada pela literatura tem sido a invisibilidade de doenças crônicas em diferentes cenários e configurações: de condições invisíveis devido às dificuldades diagnósticas (como a fibromialgia e a síndrome da Covid Longa) às invisibilizadas por processos sociais de apagamento (caso da doença falciforme e da aids). O presente curso discutirá os processos de invisibilização de doenças e de pessoas doentes a partir das experiências da cronicidade, ou seja, de uma duração prolongada do adoecimento e de suas repercussões na vida individual e coletiva.A partir de estudos de casos e de análises gerais sobre a invisibilidade da cronicidade na medicina e na saúde pública, o curso fornecerá às/aos estudantes uma visão panorâmica sobre temas como: transformação de doenças agudas em crônicas; injustiça epistêmica e invisibilidade social; ativismo de doentes e políticas de invisibilidade; síndromes pós-virais e as repercussões de epidemias; inovação biomédica e imaginários sociotécnicos do controle de doenças. Elaborado a partir de um diálogo entre história, antropologia e sociologia, o curso conta com a participação de professoras e professores de diferentes instituições e campos disciplinares, apresentando discussões sobre temas cada vez mais relevantes em termos sociais e acadêmicos.