Organização Pedagógica
Introdução
O Vírus Linfotrópico da
Célula T Humana do tipo 1 (HTLV-1) é um retrovírus que pode ser transmitido
pelas vias sexual, parenteral (principalmente por meio de transfusão de
componentes sanguíneos celulares) e vertical (de mãe para filho, principalmente
através do aleitamento).
Estimativas apontam que o número
total de pessoas vivendo com infecção por HTLV-1 variam de 5 milhões a 10
milhões com distribuição mundial, mas com prevalências variáveis em algumas
regiões (Proietti FA, 2012; WHO, 2024). O Brasil é um dos países com maior
número de casos variando entre 800 mil a 2,5 milhões de pessoas infectadas com
o vírus, mas é possível que esse quantitativo seja subestimado, visto que até o
ano de 2023 a triagem para HTLV-1 ocorria apenas em doadores de sangue e órgãos
sólidos (Brasil, 2024).
O HTLV
representa uma ameaça silenciosa, pois, na maioria dos casos, a pessoa
infectada permanece assintomática, o que dificulta a identificação e o
diagnóstico, permitindo a continuidade da transmissão do vírus de forma despercebida
(Puccioni-Sohler M, et al., 2019). Estima-se que entre 5 a 10 % das pessoas
infectadas desenvolverão alguma condição associada ao vírus ao longo da vida,
incluindo manifestações neurológicas graves, como a paraparesia espástica
tropical (PET/HAM), além de dermatites, uveítes e leucemias (Brasil, 2025). Apesar
da relevância clínica e epidemiológica, o HTLV ainda é amplamente desconhecido
pela população e até mesmo por parte dos profissionais da saúde. A
identificação de pessoas vivendo com HTLV e a adoção de medidas de prevenção da
transmissão são fundamentais para reduzir o impacto da infecção no Sistema
Único de Saúde (SUS). Nesse contexto, o conhecimento dos profissionais de saúde
é essencial para a detecção precoce, o manejo clínico adequado e a interrupção
da cadeia de transmissão do vírus. Além disso, a educação em saúde sobre o HTLV
contribui para combater o estigma e a desinformação, fatores que frequentemente
levam ao diagnóstico tardio. Investir na formação e atualização desses
profissionais é uma estratégia crucial para qualificar o atendimento, reduzir o
preconceito, fortalecer políticas públicas e controlar essa infecção ainda
negligenciada.
Justificativa
Apesar do potencial patogênico, o HTLV é classificado como
um vírus negligenciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2024). A
negligência do HTLV como problema de saúde pública é evidenciada por diversos
fatores como falta de capacitação profissional, que leva a diagnósticos tardios
e manejo inadequado, estigma e isolamento social enfrentados por pessoas
vivendo com HTLV e carência de acesso a tratamentos específicos, sobretudo nos
casos neurológicos e oncológicos.
Recentemente
no Brasil, o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/MS N° 3.148/2024 que
inclui a Infecção pelo HTLV em gestante, parturiente ou puérpera e a criança
exposta ao risco de transmissão vertical pelo HTLV, na lista de notificação
compulsória agravos e eventos de saúde pública, e a portaria SECTICS/MS Nº 13,
que tornou pública a decisão de incorporar no âmbito do SUS o exame para
detecção pré-natal de infecção pelo HTLV- 1/2 em gestantes (Brasil, 2024).
Diante disso, a infecção pelo HTLV encontra-se inserida no Programa Brasil
Saudável: Unir para cuidar, instituído pelo Decreto nº 11.908, de 6 de
fevereiro de 2024, com meta de eliminação de transmissão vertical de HTLV até
2030 (Brasil, 2024). Apesar do impacto clínico, epidemiológico e social do
HTLV, muitos profissionais da saúde ainda desconhecem aspectos fundamentais da
infecção, como formas de transmissão, diagnóstico, prevenção e cuidado com as
pessoas que vivem com o vírus.
Esse projeto visa suprir essa lacuna, promovendo
conhecimento técnico e humanizado, além de contribuir para redução do estigma e
melhoria no cuidado integral das pessoas que convivem com o vírus.
Objetivo Geral
Capacitar profissionais da saúde para o
enfrentamento qualificado do HTLV, por meio de atividades educativas,
informativas e interativas que promovam conhecimento técnico, sensibilização
ética e práticas de cuidado centradas nas pessoas que vivem com o vírus.
Objetivos Específicos
- Atualizar os profissionais da saúde sobre os aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e clínicos relacionados ao HTLV, com base em evidências científicas atuais.
- Estimular reflexões críticas sobre estigma, preconceito e estratégias de acolhimento humanizado às pessoas que vivem com HTLV.
Metodologia
O curso será fundamentado em
metodologias ativas de ensino-aprendizagem, com foco na apresentação oral do
conteúdo, problematização e troca de saberes.
O evento será realizado 12 de novembro,
em alusão ao Dia Mundial de combate ao
HTLV comemorado em 10 de novembro, data simbólica que alerta a importância
da mobilização e da conscientização sobre o tema.
As atividades serão presenciais, no
auditório do Laboratório Central Noel Nutels (LACEN – RJ) com carga horária
total de 6 horas.
A estrutura metodológica será organizada
no formato de mesa redonda, com a participação dos pesquisadores e
especialistas membros da equipe, além de participantes convidados. Os conteúdos
serão abordados através de palestras temáticas dialogadas. A sensibilização e reflexão ética acerca
do tema será realizada através de relatos de pessoas que vivem
com HTLV, enfrentamento ao estigma, desafios da doença, preconceito e
humanização do cuidado.